Experiência em gestão

Primeiro ano de gestão escolar – Do desconhecido ao desafio do equilíbrio.


            Escrevemos aqui um breve relato sobre primeiro ano de gestão escolar em escola pública de Ensino Médio. Podemos classificar este primeiro ano como uma experiência desafiadora, que exige conhecimento, paciência, diálogo, sabedoria e muito equilíbrio.
            Começamos relatando que temos experiência de dezoito anos de magistério público estadual no Rio Grande do Sul, em sala de aula na área de Ciências Humanas, o que nos ajudou em muitas situações aonde o diálogo é essencial para o gerenciamento de recursos humanos e também no trato com toda a comunidade escolar.
            Já havíamos exercido o cargo de vice diretor do turno da noite do mesmo colégio aonde agora exercemos o cargo de diretor. Portanto, a experiência de gestão do turno nos deu um pequeno suporte para lidar com as funções administrativas, burocráticas e também no gerenciamento de pessoas, que destacamos ser o maior desafio da gestão escolar.
            Gostaríamos de esclarecer que as funções administrativo-financeiras ficam a cargo de um servidor que ocupa o cargo de Assistente Financeiro, o qual realiza processos licitatórios e consultas administrativas e legais as esferas federal, estadual e municipal quanto à situação das empresas que participam dos processos licitatórios e também dos fornecedores de qualquer produto ou serviço à escola pública. Este cargo de Assistente Financeiro é um privilégio de apenas algumas escolas da rede pública estadual do Rio Grande do Sul, escolas pequenas com poucos alunos não tem o servidor para esta função, a qual recai sobre o diretor da escola realiza-la.
            Enquanto diretor de escola pública os desafios não se limitam a coordenar as atividades e andamento da escola, mas sim criar uma equipe de trabalho com as mesmas diretrizes, gerenciar pessoas, gerenciar conflitos e permanecer sempre aberto ao dialogo e também ser receptivo as críticas e sugestões de toda a comunidade escolar.
            Neste primeiro ano de experiência como diretor, tivemos desafios imediatos que nos foram impostos pela SEDUC (Secretaria Estadual de
Educação) que reformulou a grade curricular do Ensino Médio e também já nos incumbiu de construir de forma coletiva algumas mudanças para o presente ano (2017), o Ensino Médio Politécnico que passou a ser Ensino Médio. Neste processo de reformulação as escolas públicas podem sugerir e propor algumas mudanças em todo o processo, desde grade curricular até avaliação. Porém, algumas diretrizes são determinadas pela SEDUC. Este processo é discutido dentro de cada escola e depois de algumas sugestões serem esplanadas em reuniões organizadas pela Coordenadoria Regional de Educação, e encaminhadas para a SEDUC que gerencia todo o processo de mudança.
            Outro grande desafio foi receber novas atribuições burocráticas, tais como realizar a atestação de efetividade dos servidores que fazem parte do quadro de recursos humanos da escola, participar de processor licitatórios, e também dar rumo e organização ao pedagógico da escola.
            Quanto às atividades burocráticas podemos afirmar que são muitas, pois vão desde o Censo Escolar, e atualizações de cadastros de programas públicos voltados à educação. Afirmamos que o desafio está em conseguir proporcionar e oferecer aos alunos condições físicas adequadas aos mesmos para terem conforto e prazer em frequentar a escola pública. É claro, que nos referimos às verbas irrisórias que recebemos para manter o prédio público e também realizar compras de materiais de expedientes e pedagógicos. Sem mencionar que a verba para a merenda escolar também é muito baixa, mas mesmo assim com ajuda da contribuição do CPM (Círculo de Pais e Mestres) conseguimos complementar em situações excepcionais a merenda escolar.
            Já as atividades pedagógicas, estas são extremamente importantes, porque o pedagógico da escola reflete diretamente no processo ensino-aprendizagem e também nos índices de avaliação externa como exemplo o ENEM. Neste quesito, o fazer pedagógico da escola damos uma atenção especial à prática pedagógica, o material didático e também a formação continuada de professores. A prática pedagógica do professor é supervisionada pelo supervisor em seu respectivo turno e compreende em observar e orientar o professor a seguir os planos de estudos, que foram elaborados pelos próprios professores em suas respectivas áreas de conhecimento. Quando a prática pedagógica não ocorre de forma eficiente e compromete o processo ensino-aprendizagem a intervenção do supervisor e da equipe diretiva se faz necessário. É neste momento que ocorre certo desgaste nas relações interpessoais e profissionais, pois nem sempre os princípios de ética profissional e responsabilidade são encontrados em todos os profissionais da educação, o que torna o trabalho de intervenção por parte da supervisão escolar e da equipe diretiva extremamente desgastante e também frustrante, porque nem sempre atingimos os objetivos.
            Quando afirmamos que começamos nossa gestão em um campo desconhecido, direcionamos diretamente a questão de gestão de pessoas, o que acreditamos ser muito difícil e desgastante e por vezes frustrante por não ter apoio suficiente para tomada de decisões e ações. Nos deparamos com novas situações que permeiam o conflito, a ética e o bom senso. Acreditamos ter desenvolvido grande habilidade em gerenciar estas diferentes situações através do diálogo, do respeito, da ética profissional e sempre buscando uma postura conciliadora nos conflitos perante o corpo docente e discente. Em casos mais delicados sempre contamos com o apoio do Conselho Escolar o que nos ajuda a realizar uma gestão democrática, que dialoga e respeita a comunidade escolar.
            A constância ou como poderíamos afirmar o equilíbrio nas relações interpessoais e profissionais são desafios diários do diretor e de toda a equipe diretiva. Além disso, é um exercício de paciência e prudência em todas as situações que surgem durante o dia a dia da gestão escolar.
            Nossas perspectivas em relação aos anos vindouros de nossa gestão são de muito trabalho, persistência e de esperança que nosso trabalho cada vez mais é necessário para conduzir o processo ensino-aprendizagem em nossa comunidade escolar. Acreditamos sempre que o trabalho, o diálogo, a ética e a parceria com a comunidade escolar formam os alicerces sólidos da educação. Educação é um processo constante de mudanças, e esperamos que as mudanças sejam novas formas de ensinar e aprender, tornando assim nosso trabalho um desafio constante, desafiador e reconhecido por nossa comunidade escolar.

Alexandre Misturini

            

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